quarta-feira, 19 de junho de 2013

O povo não existe

Por enquanto não há como determinar o sentido destas manifestações. Uma coisa só é certa: o traço das diversas posições de todos diretamente envolvidos ou não está sendo delineado com certa nitidez. Isso nos permite ver com uma clareza privilegiada que a ideia de "povo" é uma abstração. Não existe algo como "o povo". Todos quererem saúde, educação, fim da corrupção, segurança, transporte de qualidade, etc. não basta para unir as pessoas num movimento único. O que se via nas ruas eram pedidos de diminuição do estado e mais liberdade ao lado de bandeiras coloridas do movimento gay com siglas de partidos de esquerda; havia ainda aqueles que gritavam contra a própria ideia de partido, pois para eles todo partido – por ser essencialmente desonesto – é desejoso de roubar para si as vantagens e os méritos de uma grande mobilização. A tensão maior portanto era menos a que existe entre os manifestantes e a polícia, 'o povo' e o estado, os homens e as estruturas do poder do que entre os próprios participantes na passeata. Então, o ponto é: o que determina essas tomadas de posição, ou melhor, o que abre o campo dos posicionamentos possíveis? Diria que o que caracteriza as posições dentro do quadro é a consideração do que personifica o MAL causa da impossibilidade do Brasil.

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