sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Peso

Como pesam os meus dedos!
Seus esforços de arrancar do
nylon o imaterial são antes
os de vencer a própria inércia.
Mas como eles pesam!
A rústica madeira curvou-se
à exigência da forma e
todas as sonatas são agora
possíveis. Só faltam os meus
dedos, que pesam, que doem,
que mais se arrastam do que
deslizam no instrumento
pelo atrito da áspera pele
da ponta das falanges
dos dedos da mão
do braço ligado a
um grosso tronco
apoiado em pés que
tocam o planeta grave.
Estes meus dedos, como vencê-los
na desproporcional luta por
fazer sair do pesado corpo bronco
o suave que afina o leve espírito?

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