sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Poema do aeroporto

Entre terminais não durmo
a quantidade de horas. Ainda
que tudo se mova, nada se
passa. O súbito desarranjo
no tempo fez do que havia
mero acúmulo. Com a duração
descompassada, o montante
despropositado e mudo atrás
do que nada há a si se mostrava:
espesso e sem transparência, do
que bloqueia a minha visão senão
de coisa nenhuma? Sem medida
que diferencie os minutos das horas,
num eterno "ainda não" mordo
os lábios para não desaparecer.

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